Em meio a um cenário de estagnação econômica e de desemprego na casa dos 11% no primeiro quadrimestre do ano, a inserção dos negros no mercado de trabalho ainda é um desafio que existe em todo o Brasil. Segundo dados do IBGE, 53,6% dos 203 milhões de brasileiros se declaram pardos e negros, parcela que ainda sofre com a falta de oportunidades, principalmente para vagas de nível superior e chefia.
Entre os mais jovens, isso é ainda pior, já que 34,3% dos mais de 7 milhões de desempregados são jovens de 18 a 24 anos. Essa realidade motivou um evento no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região. O Encontro de Entidades e Empresas em Prol da Adoção de Modelo de Inclusão Social ao Primeiro Emprego dos Afrodescendentes discutiu a busca por mais comprometimento das corporações pela igualdade.
Para o presidente do TRT 15, desembargador Lorival Ferreira dos Santos, a desigualdade é fruto de uma dívida histórica que demorou muito tempo para ser reconhecida. Por isso o País ainda precisa avançar muito mais. Uma das formas de diminuir as diferenças, segundo o desembargador, existe no próprio TRT e estabelece a reserva de 20% das vagas para negros nos concursos para servidores e juízes do trabalho substitutos.
A resolução assinada pelo Supremo Tribunal Federal foi implantada no órgão da cidade em junho de 2015 e também foi adotada em outros locais. Atualmente, 2,4% da magistratura brasileira é composta por negros.
O encontro em Campinas foi organizado em conjunto com a ONG Afrobras, coordenada pelo reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, que também enxerga um atraso nas discussões raciais. De acordo com dados do Dieese, em 2014, a proporção de negros entre os desempregados na maioria das regiões superou os 80%. As exceções foram nas regiões metropolitanas de Porto Alegre e São Paulo.