A história da judoca brasileira Rafaela Silva, medalha de ouro na Olimpíada do Rio, poderia ser a de qualquer outro entre os milhares de jovens em situação de risco e que estão espalhados por tantos projetos sociais pelo Brasil. Poderia ser a história de Jheniffer Setti, que com apenas doze anos de idade, já tem muito bem traçado o seu próximo objetivo.
Geninha, como é chamada pelos amigos, faz parte de um projeto de jiu jitsu do Centro de Integração da Cidadania, que funciona no bairro Vida Nova, periferia de Campinas. A região é uma das mais violentas do município: em 2014 foi cenário da maior chacina de toda a história da cidade com a morte de 12 pessoas. E foi exatamente nesse cenário que Robinson Oliveira, cabo da Polícia Militar do estado de São Paulo, teve a ideia.
Se o projeto vai criar campeões, só o tempo dirá, mas já são mais de três anos transformando e formando crianças e jovens. Karen Setti é mãe de Geninha, a garota que tem o sonho de ser campeã no Japão, e é um ótimo exemplo de que o principal objetivo do projeto, pelo menos pra sua filha, já foi alcançado.
O Centro de Integração da Cidadania é um programa da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do estado de São Paulo que visa proporcionar à sociedade os seus direitos por meio da participação popular. Os centros estão instalados em 16 postos fixos localizados em áreas de alta vulnerabilidade social da capital e do interior do estado, e não são apenas as crianças e jovens beneficiados. O cabo José Carlos Duor é formado em educação física e lidera um projeto de movimento com a terceira idade, ele revela que as atividades melhoram não só a condição física, mas principalmente o psicológico dos idosos.
É foi nesse cenário que essa reportagem surgiu. Um cenário que para muitas mães é marcado por lágrimas derramadas desde a chacina daquela madrugada do dia 13 de janeiro de 2014, mas que para tantos outros é sinal de recuperação, de esperança, de vida. Uma das frentes da investigação daquela chacina culminou com a expulsão de cinco policias acusados pela morte do adolescente Joab Gama das Neves, o primeiro da sequência de 12 execuções. Mas enquanto isso, os verdadeiros policiais, aqueles que fazem valer o texto do juramento que diz: “dão o peito a própria morte para nos proteger todos os dias”, estão em todos os lugares.
