A ocupação de um hotel abandonado no centro de Campinas completa quatro dias nesta segunda-feira. O imóvel fica na Rua Saldanha Marinho. O cadeado do portão foi trocado e o prédio é mantido fechado por uma corrente. Nenhum representante foi encontrado para se manifestar.
Segundo o trabalhador de um comércio da região, o grupo chegou ao local por volta de uma da madrugada do último dia 8, feriado municipal. Ele não quis gravar entrevista, mas viu quando dezenas de famílias desceram de um ônibus, duas vans e uma Kombi e entraram no imóvel.
O grupo se denomina Comunidade de Famílias por Moradia e alega que não tem condições de pagar aluguel ou de morar de favor com amigos. Uma carta de reivindicações foi entregue à imprensa. No documento, eles questionam a política e as regras do setor de habitação do município. Eles criticam a Companhia de Habitação Popular, porque alegam que famílias com renda acima de seis salários mínimos são privilegiadas. O texto defende que a maior demanda por moradia na cidade, cerca de 87%, se concentra entre a população que recebe até três salários mínimos.
Ainda no comunicado, justificam que o hotel estava vazio há anos e exigem um encontro com o prefeito ou secretário de Relações Institucionais. Por fim, pedem também a saída da responsável pela Pasta de Habitação e presidente da Cohab, Ana Maria Amoroso, e se dizem dispostos a negociar. Comerciantes vizinhos afirmam que o prédio tem energia elétrica e que um caminhão-pipa abasteceu a caixa d’água do local durante o fim de semana.
Questionada, a Cohab alegou que a ocupação é irregular e que técnicos foram ao imóvel, mas não foram recebidos pelos integrantes do movimento. De acordo com a nota, o proprietário do Hotel São Francisco deve ser localizado nos próximos dias após a consulta dos dados da Prefeitura. A companhia esclarece que somente o responsável pela propriedade pode tomar providências após a notificação que será feita pelo município.
