Dados divulgados pelo SPC Brasil mostram que 42% dos brasileiros não sabiam quanto haviam gastado em março nas faturas do cartão de crédito a serem pagas em abril. Nas ruas de Campinas, a maioria reconhece a falta de planejamento. É o caso de José Claudinei Pizzolatto, que está desempregado e afirma que raramente consegue prever a quantia a ser cobrada. A comparação mês a mês e o pagamento total da conta são as únicas formas de controle do próprio bolso.
O comportamento de Claudinei representa o perfil do consumidor no País, que usa o cartão de crédito como um complemento da renda e não leva imprevistos em consideração. É o que diz o educador financeiro Márcio Marques. Para ele, a situação é ainda pior quando os gastos saem totalmente do controle. Como o dono do cartão não consegue arcar com o pagamento, precisa parcelar a fatura. A dívida que já era grande fica ainda maior e se torna uma bola de neve.
Outro panorama comum são as compras maiores que são divididas várias vezes. Neste caso, além de comprometer o limite, o compromisso também é esquecido com o passar do tempo justamente devido ao grande número de parcelas. A dica do educador financeiro é sempre ter em mente a data de fechamento da fatura e trabalhar o planejamento com base nos imprevistos e na necessidade. Por isso a maior recomendação é efetuar compras à vista e buscar descontos.
Entre os resultados do SPC, estão indicadores de abril que comprovam ainda mais a falta de planejamento do brasileiro, como a recusa no parcelamento da compra em 20% e o valor médio da fatura, que bateu a casa dos 1.140 reais. Mas a realidade de dívidas não é vivida por todos. Gisele Salustiano, por exemplo, diz que segue as lições apresentadas pelo educador financeiro. Ela e o marido só usam o único cartão de crédito que possuem em caso de emergência.
