Embora os negros façam parte da origem do rock, o gênero tem em sua maioria artistas brancos.Graças ao fim das barreiras musicais, hoje em dia ninguém precisa relacionar a cor da pele ao tipo de som. No entanto, num passada não muito distante, esse assunto sempre vinha à tona quando um grupo de rock era formado somente por negros. E não foi diferente em 1992 quando saiu o primeiro disco do Body Count. Só que nesse caso, a letra de uma música, um acontecimento histórico e um cantor de rap sem meias palavras transformaram esse trabalho numa polêmica que ultrapassou a questão racial e se tornou alvo de críticas das principais autoridades americanas, incluindo o Presidente. No começo dos anos 90 o rap dominava a parada nos Estados Unidos. Por causa da linguagem explícita para tratar de temas como violência e sexo, logo foi rotulado de gansta. E um dos principais nomes desse som feito principalmente no Estado da Califórnia era o de Ice – T. Ele já tinha uma carreira sólida no rap quando decidiu formar uma banda de rock juntando colegas que na época da adolescência curtiram Black Sabbath, Led Zeppelin, entre outros. Dessa maneira nasceu o Body Count.
O guitarrista Ernie C. compôs as músicas e o desbocado Ice – T escreveu as letras. Eles também dividiram a produção.O grupo ainda contava com Moozeman no baixo, D- Roc na guitarra base e Beatmaster V na bateria. Essa produção foi distribuída pela gigante Warner Brothers e essa ligação abriu caminho para todos os problemas.
Essa é Cop Killer, em português, assassino de policial. Apontando a brutalidade dos homens da lei, Ice-T canta como se fosse um justiceiro que sai para matar sem remorso. A música foi motivo de muita reclamação de associações representativas de policiais, que chegaram a fazer passeata em frente a Warner, causando repercussão ainda maior. Artistas e distribuidora defenderam a liberdade de expressão e suportaram a pressão no começo, mas um fato histórico tornou a situação insustentável. É que o primeiro disco do Body Count chegou as lojas em março de 92. No mês seguinte, 4 policiais filmados espancando o taxista negro Rodney King foram inocentados num primeiro julgamento. A decisão da justiça provocou tumultos em Los Angeles e cidade viveu dias de guerra civil com atos de vandalismo e mais de 50 mortos.
Atos de violência e distúrbio em LA
Manifestação e comoção
O clima de tensão após tanta violência fez sindicatos de policiais de vários Estados Americanos anunciarem que não garantiriam a segurança de lojas que vendessem o disco do Body Count e o tema de Cop Killer passou a ser criticado. Em meio a tanta pressão Ice–T lamentou toda a situação e disse que o trabalho artístico estava sendo ignorado e decidiu retirar a música do álbum. Com isso as unidades que tinham a versão original dispararam o valor no mercado de usados.
O quadro Música é Cultura destaca o primeiro disco do grupo de rock Body Count e relembra a polêmica que existiu em torno de uma canção.
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produção
Walmir Bortoletto
edição
Paulo Girardi