Os índices e os relatos de comerciantes mostram que o número de ambulantes cresceu em Campinas, situação que está ligada ao desemprego e à crise. Enquanto o volume de pessoas sem vínculo empregatício subiu de 7,2 mil em 2016 para 7,5 mil este ano, segundo a Acic, a disputa nas ruas é grande.
David de Paula confirma a realidade. Ele vende água em pontos movimentados da região central há dois anos e notou que a concorrência está acirrada. Ele fatura em média mil reais por mês, quantia que mantém a casa com seis pessoas e que serve para driblar as dificuldades na busca por emprego.
A saída encontrada por muitos gera alguns locais de concentração, como o Parque Prado, a Unicamp e os terminais Mercado e Metropolitano. Os semáforos também servem como oportunidades. Mas isso não incomoda a comerciante formal de uma banca de alimentos, que não quis se identificar. Outros lojistas, que não quiserem gravar entrevista, reclamam.
A principal crítica deles é sobre a venda dos produtos nos pontos de parada. Na visão deles, como os usuários do transporte público precisam esperar os ônibus, acabam preferindo comprar dos inúmeros ambulantes. A consumidora Ana Cavalheiro comprova essa tese, mas pondera e diz que também frequenta lanchonetes. Para ela, o que importa é a comodidade.
Ciente da alta na informalidade, o economista da Associação Comercial e Industrial de Campinas, Laerte Martins, estima o reflexo no comércio. Ele relaciona o momento com o desemprego, mas estima que as vendas formais, já afetadas pela situação econômica, sejam prejudicadas em até 3 %. Procurada para comentar sobre o volume de permissões concedidas para uso do solo e o trabalho de fiscalização, a Setec não enviou resposta.
