A reintegração de posse do antigo Hotel São Francisco, no centro de Campinas, pode ser cumprida a qualquer momento. Enquanto isso, as dezenas de famílias que ocupam o prédio pedem diálogo e tentam negociar com os proprietários. As tentativas, até então, não deram resultado e uma proposta financeira feita pelo grupo foi recusada.
Por esse motivo, as lideranças reclamam da falta de envolvimento do Poder Público para que uma solução fosse encontrada. Os 56 apartamentos estão divididos em sete andares. Dois deles estão sem condições de uso e por isso duas famílias vivem juntas em outros dois. Em cada um, perfis semelhantes de desempregados que moravam na periferia.
Sem condições de pagar aluguel, a maioria vive de bicos e salários esporádicos e teme pela remoção, principalmente porque diz não ter parentes na cidade. Esses são os casos de Tatiane Barbosa, Adriana da Conceição e Vicente de Paula. A energia é fornecida por um gerador depois que o serviço foi cortado a pedido dos donos do imóvel. Uma porta-voz do grupo, que não quis se identificar, conta que nem mesmo o pagamento da dívida pelos ocupantes impediu a interrupção.
Crítica aos critérios adotados pela Companhia de Habitação Popular, a Cohab, ela afirma que todos estão cadastrados junto ao órgão e aguardam há anos por uma moradia. Reclamando da falta de diálogo, pede por uma chance de acordo. O hotel, que fica na Rua Saldanha Marinho, foi ocupado no início de dezembro do ano passado. Cerca de uma semana depois, a Justiça autorizou a reintegração de posse da área particular. O advogado Fausto Lima acompanha o processo.
Representante das famílias, ele afirma que a última decisão do Tribunal de Justiça é de meados de agosto e confirma a decisão liminar em primeira instância para a remoção. Agora, aguarda a posição de diversos órgão públicos. Procurada para se posicionar, a Cohab respondeu pela assessoria que os critérios são do Ministério das Cidades e que só administra a lista, que conta atualmente com 36 mil nomes. A Polícia Militar não enviou resposta.
