Quando uma pessoa atinge a maioridade, dificilmente para pra pensar na infância, pois essa passou há pouco tempo. O cotidiano corrido também prejudica qualquer tipo de reflexão. Mas ainda bem que alguns artistas fizeram isso e registraram em música esse sentimento. A simplicidade do Brasil da primeira metade do século passado serviu de inspiração para Ataulfo Alves, um cantor e compositor que enriqueceu nossa cultura com belíssimas obras. Ele conseguiu, com muita sensibilidade, captar a essência do que era ser criança numa época onde tudo parecia mais bonito.
Com humor e malícia, e tratando de assuntos politicamente incorretos, não é de estranhar que Chico Buraque tenha convidado Moreira da Silva para dividir os vocais. A participação do eterno malandro deixa mais engraçada as lembranças da atividades saudáveis, além de fazer com que os erros soem menos graves.
A infância tem um tom saudosista, mas e a morte ? Como tratar de um assunto que ninguém gosta, mesmo sabendo que é inevitável ?
Músico e compositor, Nelson Cavaquinho até hoje não tem o reconhecimento que merece. A trajetória de vida dele é muito parecida com a de Cartola, artista do qual foi contemporâneo. No lado musical, melodias refinadas, letras que são verdadeiras poesias e gravação do primeiro disco somente quando já estava perto dos 60 anos. Na parte pessoal, período do completo esquecimento e muita dificuldade financeira.
Na obra de Nelson Cavaquinho é comum encontrar citações sobre tristeza, melancolia, amores perdidos e lógico morte…no entanto, poucos conseguiram abordar esses temas com tamanha delicadeza.
Se o assunto é genialidade, somente um artista brasileiro seria capaz de cantar para a morte.
Livros, reportagens especiais e até um documentário já contaram como era Raul Seixas. Mas a capacidade do maluco beleza era uma expressão muito pessoal, impossível de ser completamente medida em papéis ou vídeos. Depoimentos e opiniões dão uma ideia de sua originalidade, porém , ele foi o único roqueiro capaz de refletir sobre o final da vida através de um tango,
Enfrentando a morte, ou relembrando com carinho como era ser criança, a música brasileira tem clássicos que merecem ser conhecidos.
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produção
Walmir Bortoletto
edição
Paulo Girardi
