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Julgamento de acusado de participação em assassinato de estudante na Unicamp é retomado

Foto: Guilherme Pierangeli

Foi retomado na manhã desta quarta-feira o julgamento de Anderson Marcelino Ferreira Mamede, de 24 anos, acusado de participação na morte do estudante da Unicamp, Denis Papa Casagrande, em uma festa clandestina no campus da universidade. O crime ocorreu em setembro de 2013.

O julgamento teve início ontem, e a audiência durou cerca de 10 horas. Ela foi suspensa às 20h00. Foram interrogados o réu, peritos e testemunhas, restando as argumentações de acusação e defesa. Cada parte tem direito a uma hora e trinta minutos para a argumentação, seguida de mais uma hora para cada parte para a réplica, e a tréplica.

A audiência desta quarta-feira teve início às 09h50, com a argumentação do Promotor de Justiça, Ricardo Silvares. O Promotor iniciou ressaltando que Denis Casagrande não fez absolutamente nada que justificasse os ataques que sofreu.

Ele apontou a relação entre Anderson Mamede e sua então companheira, Maria Teresa Peregrino, como uma relação “de unha e carne”, e ressaltou que apesar de Mamede dizer que eles não estão mais juntos, os advogados de defesa de ambos trabalham juntos no caso. Silvares rechaçou a argumentação da defesa, de que o julgamento trata do preconceito contra o movimento punk e seus integrantes.

Enérgico, gesticulando bastante, Silvares se manteve o tempo todo à frente do júri, falando diretamente com as sete pessoas que o compõe. São pessoas com idade acima de 30 anos, sendo cinco homens e duas mulheres.

O promotor selecionou trechos de relatos de testemunhas que buscando comprovar sua tese, e buscou desqualificar outros depoimentos, chegando a chamar duas testemunhas de “caras de pau”. As testemunhas em questão são duas enfermeiras que dizem ter participado do atendimento de Denis Casagrande, e que ele não teria sido ferido com golpes de faca, contrariando laudos médicos apresentados.

Silvares argumentou por cerca de uma hora e vinte minutos. Nos dez minutos finais destinados à acusação, o advogado Willey Sucasas disse que se Anderson Mamede se queixa de ter passado “quatro anos no inferno”, referente ao tempo que ele está preso no Centro de Detenção Provisória de Campinas, a família de Denis Casagrande seguirá vivendo esse “inferno” por muito mais tempo.

Após o término do tempo destinado à acusação, houve um intervalo, e a audiência foi retomada às 11h38, com a argumentação da defesa de Anderson Mamede. A advogada Erica Zucatti da Silva se apoiou em uma reconstituição realizada no local do crime e em depoimentos de testemunhas, especialmente no das duas enfermeiras citadas por Silvares. A advogada disse que caso tenha ocorrido a facada, não foi Anderson Mamede que a desferiu, e sim Maria Teresa Peregrino, na tentativa de se defender de Denis Casagrande.

Houve bate boca em dois momentos entre a advogada e o promotor. Primeiro por conta do julgamento de André Motta, um dos três acusados e que foi absolvido por júri popular.

A advogada quis utilizar essa absolvição como argumento para Anderson também ser absolvido, mas Silvares interferiu dizendo que o julgamento já foi anulado. Erica retrucou, dizendo que na verdade houve recurso da promotoria, mas ele insistiu na informação a respeito da anulação.

Posteriormente houve novo bate boca, dessa vez mais intenso. Erica falava sobre a reconstituição realizada, e de alguns documentos relacionados ao processo, quando Silvares interferiu novamente dizendo que aqueles documentos eram “porcaria”. Depois, repetiu isso aos berros, e houve um início de discussão aos gritos entre o promotor e a advogada, sendo necessária a intervenção do Juiz José Henrique Torres. Além de Érica, também compõe a defesa o advogado Thiago Nascimento Evangelista.

Estima-se que o julgamento seja concluído, e o veredicto seja conhecido por volta das 17h00 desta quarta-feira, 25.

O caso

O estudante de engenharia Denis Papa Casagrande foi assassinado em uma festa clandestina no campus da Unicamp em setembro de 2013. O estudante foi espancado e levou uma facada no peito. A causa da morte foi anemia aguda, ocasionada pelo sangramento. Anderson Mamede, a então companheira dele, Maria Teresa Peregrino, e André Motta foram acusados do crime.

Mamede confessou ter agredido a vítima com golpes de skate, mas após Casagrande já ter sofrido o golpe de faca, desferido por Maria Teresa, que alega ter sido assediada pela vítima. Inquérito da Polícia Civil concluiu que o estudante foi morto por engano, uma vez que se alguém assediou Maria Teresa, não teria sido ele.

Os três acusados faziam parte de um grupo punk na época. Eles respondem por homicídio triplamente qualificado – com motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

O Julgamento

Foram interrogadas 12 testemunhas, sendo cinco chamadas pela acusação, cinco pela defesa, e outras duas consideradas neutras.

Sete pessoas foram sorteadas para o júri popular, dentre 25 convocadas. Desde o início do julgamento eles estão isolados, sem contato com pessoas externas ao processo.  A decisão do júri ocorre em sala reservada, ao final das argumentações das partes.

Caso os jurados julguem Anderson Mamede culpado, ele poderá cumprir pena entre seis e 30 anos de prisão, sendo de seis a 20 se for considerado homicídio qualificado, ou 12 a 30 se for considerado homicídio qualificado. O juiz do caso, José Henrique Torres, dará a sentença e fixará a pena caso o acusado seja considerado culpado.

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