O depoimento de duas testemunhas chamadas pela defesa no julgamento de Anderson Mamede levantou suspeitas de falso testemunho entre a acusação. O promotor Ricardo Silvares pediu ao juiz José Henrique Torres que uma cópia dos autos seja encaminhada à promotoria criminal para uma investigação. Na visão dele e do advogado da família da vítima, as duas enfermeiras que disseram não ter visto ferimento a faca no peito de Dênis mentiram em juízo.
As duas mulheres alegaram ter realizado o procedimento de primeiros-socorros no estudante em uma festa clandestina na Unicamp em setembro de 2013. Elas afirmaram que manusearam o corpo do jovem, mas que não viram qualquer lesão ou sangramento antes dele ser encaminhado ao hospital.
O laudo do Instituto Médico Legal e o relatório do Samu indicam que Dênis Papa Casagrande morreu por um ferimento causado por uma arma branca. No decorrer do primeiro dia de julgamento, um perito que participou da autópsia reafirmou aos jurados que a causa do óbito foi uma anemia aguda. Por isso, o promotor definiu como inacreditáveis as falas das enfermeiras. Para ele, elas sugerem que Dênis teria sido ferido depois de ser levado pelo Samu.
Os relatos ampararam um dos principais argumentos da defesa: de que Mamede não teria visto sinais de que o universitário estava ferido quando o atingiu. Durante depoimento, o réu alegou que agrediu a vítima em defesa da namorada na época, Maria Tereza Peregrino, acusada de ser autora da facada em Dênis.
A mulher está presa e aguarda julgamento, assim como um terceiro envolvido, André de Souza Motta, que também teria desferido socos e chutes na confusão. Casagrande foi morto ao ser confundido com outro jovem que teria assediado Maria Tereza. Na época, ela confessou o crime, mas alegou legítima defesa. Os advogados de Anderson Mamede não quiseram falar com a imprensa após a condenação do réu a 18 anos de prisão, mas disseram que vão recorrer.
