“Plano B”, um “outro caminho”, “soluções mais pacíficas” e “influência política” são termos que aparecem em telefonemas entre gestores da Organização Social Vitale, que administrava o Hospital Ouro Verde, em Campinas.
Tais expressões são usadas para se referir à situação da cidade, que hoje está nos noticiários com prefeito, autoridades e funcionários públicos investigados, além de membros da OS denunciados por desvio de verba da saúde.
O tal “plano B” traz a tona indícios de que mais agentes públicos estariam envolvidos no suposto esquema criminoso.
Essa segunda cartada para conseguir aditivos da prefeitura à Vitale, aparece pela primeira vez nos grampos autorizados pela justiça, em um telefonema do dia 11 de maio entre a presidente da Organização, Aparecida de Fátima Bertocello (Tata) e Daniel Câmara que seria o contato mais frequente com lobistas e agentes públicos. Ele é filho de Paulo Câmara que seria o chefe do suposto esquema criminoso, por trás da Vitale.
Maurício citado neste telefonema , segundo Ministério Público é Maurício Rosa, Diretor do Departamento Administrativo da Secretaria de Saúde. Ele seria o responsável por intermediar o “Plano B” com Daniel Câmara e teria indicado Marcelo Scalão para a execução em Campinas.
Maurício e Marcelo foram servidores de Osasco e chegaram a ser investigados por irregularidades em licitação de próteses dentárias. Scalão ainda foi alvo de investigações em supostas fraudes de certames de uniformes em várias cidades paulistas.
A relação deles dentro do tal “plano B” aparece em um diálogo entre Daniel e Marcelo, em junho.
Sobre esse “Plano B”, em conversa também em junho entre Aparecida Bertoncello e Daniel Câmara, “percentuais” são mencionados.
Outros servidores públicos que aparecem nas escutas telefônicas são o então diretor do setor de prestação de contas da Secretaria de Saúde, Anésio Corat Júnior e Ivanilde Aparecida Ribeiro, que era Diretora do Departamento de Gestão e Desenvolvimento Organizacional.
Os dois são citados em uma conversa entre os diretores da Vitale, Hélio Franchi e Ronaldo Pasquarelli. Eles falam de uma reunião com os então servidores e o Secretário de Saúde, Cármino de Sousa, em que o assunto foi a sub-rogação do contrato. Hélio sugere tirar Ivanilde do esquema.
O trecho começa com a fala dele.
Sobre Ivanilde Ribeiro, a prefeitura de Campinas informou que foi exonerada do cargo de diretora no dia 23 de novembro, a pedido dela e contra a vontade da Administração.
Já sobre Maurício Rosa, diz que ele foi contratado para o cargo de diretor Administrativo, com base em currículo na área da saúde e levando em consideração critérios técnicos. A exoneração dele foi publicada neste dia 13 de dezembro, em razão das acusações feitas pelo Ministério Público e para que ele possa prestar esclarecimentos.
Anésio Corat Júnior também foi exonerado após a operação do Gaeco no dia 30 de novembro que apreendeu na casa dele, R$ 1,2 milhão. Em nota, o advogado de Anésio, João Paulo Sangion fez tais pontuações:
- Sobre a quantia apreendida diz que é de um parente do cliente e que será pedida a restituição do valor.
- Em relação às interceptações telefônicas, fala que todos os diálogos que citam Anésio têm como finalidade a exigência de documentos aos responsáveis das Organizações Sociais e convênios para o fechamento das prestações de contas mensais realizadas pela equipe do departamento que era diretor.