Ele pertenceu aquele seleto grupo de artistas que exerce a sua arte como uma missão de vida. Baden Powel era um apaixonado pelo seu ofício, pois segundo os seus princípios nada era mais importante do que a música. E o seu violão foi o seu melhor companheiro, ou como o próprio Baden dizia a sua metade.
Roberto Baden Powel de Aquino nasceu no norte do estado fluminense em 1937 e com apenas três meses já era um carioca de São Cristóvão. O nome foi uma homenagem ao fundador do escotismo dado pelo seu Pai, que era músico e lhe ensinou os primeiros acordes no violão. Na casa da família as reuniões musicais eram comuns e entre os bambas: Pixinguinha, Silvio Caldas e o violonista de Pernambuco Jayme Florence, conhecido por Meira. O mentor e professor de Baden Powel.
Aluno aplicado estudou violão clássico, mas não abandonava as rodas de choro. A prática e convivência com os melhores músicos da época ajudaram a moldar a refinada técnica de Baden, que tocava em bailes, na boemia da Lapa além da respeitada orquestra da Rádio Nacional. A partir de 1950 fez parte do Trio do pianista Ed Lincom na conceituada boate Plaza em Copacabana.
Logo na seqüência aceitou o convite de Vinícius para compor algumas musiquinhas, assim mesmo no diminutivo como tudo era tratado pelo poetinha. Com essa parceria nasceram as mais belas canções que se tornaram verdadeiros clássicos da MPB. Dessa forma a Bossa Nova ganhou novo fôlego quando surgiu um linha temática tendo como pano de fundo a história dos Orixás, também conhecidos por Afros-Sambas, muito provavelmente a grande marca da dupla. Assim eles realizaram um novo sincretismo dando uma dimensão mais universal ao candomblé afro-brasileiro. Outra parceria emblemática de Baden Powell foi com letrista Paulo César Pinheiro. As letras inspiradas na linguagem popular e erudita caíram como uma luva na melodia de Baden. Essa dobradinha se traduziu em uma evolução harmônica, melódica e poética do Samba .
Baden Powel deixou um acervo com mais de 70 discos, isso sem citar as participações especais que ficaram sem registro, pois ele nunca se preocupou com royalties, contratos e prestação de contas. Porem o seu estilo fincou raízes, ganhou reconhecimento mundial e garantiu que por muito tempo o nome Baden Powell será sinônimo de excelente música. Através do seu violão ou como ele mesmo dizia, a sua metade, ele conquistou respeito e admiração mundial.
Toda genialidade de Baden Powell é o que você acompanha nesta edição do Música é Cultura.
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produção
Walmir Bortoletto
edição
Paulo Girardi