Aprovado na Câmara, o projeto de lei que permite o desmatamento da Área de Proteção Ambiental para a construção de duas barragens em Campinas é criticado pelo Congeapa, que reclama da falta de detalhes sobre os projetos. O texto permite a derrubada de 20 hectares de mata nativa, mas o problema apontado pelo presidente do Conselho Gestor da APA, Rafael Moya, é que a medida pode autorizar, por exemplo, o surgimento de trilhas e condomínios.
Além de definir a medida como um “Cavalo de Troia”, já que pontos fora da represa poderão ser alterados, questiona a efetividade dos grandes reservatórios e defende propostas alternativas, como a recuperação das nascentes dos rios. A APA corresponde a 28% do território de Campinas. A área que será inundada, 202 hectares, representa 1% da APA e integra parte da represa de Pedreira, que será feita pelo Governo do Estado no Rio Jaguari para abastecimento da região.
Já o outro projeto autorizado a partir da mudança na lei é a construção de um reservatório no trecho do Rio Atibaia que passa pelo distrito de Sousas, em Campinas. A obra é idealizada para fornecer água ao município por até 70 dias. O secretário do Verde e Meio Ambiente de Campinas, Rogério Menezes, defende os empreendimentos, rechaça as críticas do presidente do Congeapa e garante a proteção e a sustentabilidade da área a ser usada pela barragem estadual.
Preocupado com o baixo índice de chuvas no Sistema Cantareira no início de 2018, o secretário Executivo do Consórcio das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, Francisco Lahóz, é favorável à construção das barragens. No caso do reservatório próprio para Campinas, por exemplo, fala em autonomia. Já sobre as represas de Pedreira e Amparo, espera pelas obras já em 2018. Ele reconhece o desmatamento, mas diz que os reflexos são necessários.