O relatório final da Comissão da Verdade da Unicamp sugere mudanças no regimento e no estatuto interno e pede a realização de um Ato de Desagravo às vítimas da Ditadura Militar ligadas à instituição. O documento de 60 páginas não detalha as normas, mas indica que as regulações ainda vigentes tem caráter punitivo e precisam ser revistas porque seriam herança direta do governo militar no Brasil.
Para a presidente da Comissão da Verdade da Universidade Estadual de Campinas, Maria Lygia Quartim, os depoimentos colhidos aumentam o conhecimento e devem ser incluídos em matérias e conteúdos. Ao todo, 12 ex-alunos e professores foram ouvidos pela comissão desde outubro de 2013. Os relatos, segundo a presidente, mostram que as perseguições afetaram até mesmo projetos na área da Saúde.
A iniciativa de criar a comissão partiu da reitoria depois da divulgação de uma carta do professor aposentado Caio Navarro Toledo. O texto pedia que o envolvimento da Unicamp na ditadura fosse reconhecido. O ex-docente afirma que a instituição não foi diretamente relacionada às ações de repressão como as universidades de São Paulo e de Brasília, mas merecia e precisava de um levantamento histórico próprio.
Ainda entre as oito recomendações da comissão, está o pedido para a revisão do título de doutor honoris causa concedido em 1973 ao coronel e ex-ministro da Educação, Jarbas Passarinho. O texto pede que o reitor, José Tadeu Jorge, encaminhe o assunto novamente ao Conselho Universitário, onde o título já foi debatido e mantido pela diferença de um voto no ano passado. Questionados sobre as sugestões apontadas, Tadeu Jorge e o vice-reitor, Álvaro Crósta, afirmaram que os itens serão analisados e definiram o documento e o trabalho da comissão como históricos.
