Em depoimento prestado nesta segunda-feira ao Juiz Sérgio Moro, o pecuarista José Carlos Bumlai, que é amigo do ex-presidente Lula, relatou ter tomado em seu nome um empréstimo no Banco Schahin no valor de R$ 12 milhões, que teriam sido repassados ao PT. Metade deste valor teria sido destinado ao 2º turno da campanha do então candidato Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio, do PDT, à Prefeitura de Campinas.
Em seu primeiro depoimento Bumlai havia dito que o empréstimo seria para uso próprio, mas posteriormente relatou que três amigos, identificados como Giovani, Armando e Sandro Turdin, o chamaram para um encontro em que estavam presentes o presidente do Banco Schahin, Carlos Eduardo Schahin, o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e Dr. Hélio.
Segundo Bumlai, foi-lhe pedido que ele tomasse o empréstimo de R$ 12 milhões em seu nome, e que o valor seria quitado em um curto prazo, de até 120 dias. Delúbio teria explicado ainda que R$ 6 milhões seriam utilizados na campanha de Dr. Hélio em Campinas, e outros R$ 6 milhões seriam utilizados para o controle de caixa do PT.
O Juiz Sérgio Moro questionou Bumlai no depoimento sobre o fato de ele ter citado que o empréstimo era para o PT, mas que metade do valor teria sido destinado à campanha de Dr. Hélio do PDT. Bumlai respondeu afirmando que o candidato a vice-prefeito na chapa de Hélio seria do PT. Na verdade em 2004 o vice de Dr. Hélio era Guilherme Campos Júnior, então do PFL. O PT concorreu naquela oportunidade à prefeitura com uma chapa própria, com o candidato Zica ficando na 3ª posição no 1º turno. Apenas em 2008, quando se reelegeu, que Hélio teve um petista em sua chapa como vice-prefeito (Demétrio Vilagra).
O pecuarista afirma ter aceitado o negócio acreditando que isso lhe traria vantagens junto ao governo, uma vez que ele era proprietário de 210 mil hectares no Mato Grosso do Sul, e que poderia conseguir alguma proteção contra invasões de suas terras.
Bumlai disse ainda que Sandro Turdin lhe perguntou se ele não teria uma empresa pra receber o dinheiro para depois repassar para os destinatários finais, pois não seria bom receber diretamente dinheiro proveniente da política. Por isso, ele indicou um amigo chamado Natalino Bertin para receber o dinheiro, e que este distribuiria o dinheiro conforme Turdin determinasse.
O empréstimo não teria sido pago no prazo prometido, o que trouxe problemas para a obtenção de crédito rural por Bumlai, trazendo problemas aos seus negócios. Ele ofereceu uma de suas propriedades como garantia.
Segundo outros delatores, entre eles um dos sócios do Banco Schahin, o empréstimo foi considerado quitado em 2009. O pagamento teria sido feito por meio de um contrato com a Petrobras para operar o navio-sonda Vitória 10.000. Bumlai disse que não sabia que o empréstimo seria pago com o contrato do navio.
