Mario Sergio Cortella lança livro em Campinas

Os filósofos Mario Sergio Cortella e Terezinha Azerêdo Rios estarão em Campinas no próximo dia 19 de junho para o lançamento do livro Vivemos mais! Vivemos bem? Por uma vida plena (Papirus 7 Mares). O bate-papo com os autores acontece a partir das 19h30 no Auditório da Livraria Cultura do Shopping Iguatemi Campinas. A entrada é gratuita.

O livro:

A mídia repetidamente anuncia o fato de que a população do Brasil está envelhecendo e, ato contínuo, noticia que é preciso melhorar a qualidade de vida dos idosos. Em Vivemos mais! Vivemos bem? Por uma vida plena, lançamento da Papirus 7 Mares, os filósofos Mario Sergio Cortella e Terezinha Azerêdo Rios trazem o dilema à luz. Em uma troca de ideias riquíssima e entremeada por inúmeras e saborosas referências (de poetas e escritores a pesquisadores, etimologias e seriados televisivos), a dupla faz mais do que citar números ou propostas mirabolantes: Cortella e Terezinha dão elementos para uma profunda reflexão sobre o tema, possibilitando a cada um de nós enxergar que a solução começa – e termina – em nossa própria postura perante a vida.

Em um diálogo distribuído em dez capítulos, eles discorrem sobre o assunto deixando claro que, como em uma sábia anedota popular citada por ambos, mais importante que o comprimento da vida é sua “largueza”. “Claro que queremos viver mais tempo, mas isso de nada vale se não pudermos aproveitar de verdade esse tempo, experimentá-lo em sua riqueza”, ressalta Terezinha. “Quero mais vida, mas não quero qualquer vida”, complementa Cortella.

Entre os diversos temas relevantes destacados pela dupla está a necessidade de ter coragem e autocrítica diante da vida e do envelhecimento. A professora Terezinha Rios ressalta que quando se fala em coragem está se falando do oposto à covardia, e não de medo em si, já que este último, na opinião dela, é até saudável, pois se não houvesse medo, não haveria reflexão antes da ação.

Mario Sergio Cortella completa o pensamento: “Medo é estado de alerta, pânico é a incapacidade de reação”. E pontua, referindo-se ao “comodismo” de não reagir: “O principal pecado capital, portanto, é o da covardia, do pânico em relação ao que deve ser feito, ao que se precisa enfrentar, ao que se precisa viver. Isso envelhece bastante. A preguiça envelhece”.

Em relação à autocrítica, os autores destacam que é necessário refletir sobre o tipo de vida que vale a pena viver e o tipo de vida que não vale a pena. “A ideia de vida longa implica viver mais e viver bem. Mas, no meu entender, viver bem não é só chegar a uma idade mais avançada com qualidade material de vida. É também adquirir a capacidade de olhar a trajetória. Porque a vida não é só o agora, é o percurso. Ela é a soma de todos os momentos numa extensão de tempo”, afirma Cortella.

É a falta de crítica, destaca, que leva a pessoa a viver uma vida superficial, epidérmica. “O que queremos todos, aquilo que vale a pena, é vida longa e boa. Porque só vida longa pode ser uma experiência de agonia inútil”, diz.  “Viver em paz não é viver sem problemas, sem dificuldades, sem encrenca. É viver com a convicção de que não se está sendo banal, superficial, fútil, inútil.”

Diferentemente do que muita gente afirma, os autores defendem que o esquecimento, muitas vezes comum aos idosos, pode ser positivo, desde que não seja imposto por uma doença. Afinal, dizem em uma metáfora de simples compreensão, é preciso esvaziar as gavetas do que não se usa, de modo que guardar conhecimento inútil não traz nenhuma vantagem. Por outro lado, destacam, o isolamento – imposto por si mesmo ou pela sociedade – é algo terrível para o idoso.

“E não é inusual que pessoas com essa idade mais avançada, quando isoladas, digam: ‘Não quero mais viver’. E aí começam a usar uma frase muito comum que é ‘não sei se vou estar aqui ano que vem’, em vez de ‘vou estar aqui o ano que vem’ ou ‘se estiver aqui, vou fazer isto, aquilo’ etc. Em outras palavras, surge um desejo de morte, uma pulsão tanática que elimina a pulsão erótica que a convivência traz”, diz Cortella.

Na opinião dele, essa pulsão é justamente o que não se deve perder para viver melhor, ou seja, o desejo tem de estar presente. “Vemos pessoas com bastante idade que conservam o desejo da sexualidade – não necessariamente o desejo do sexo, porque sexo não é desejo, é necessidade –, que mantêm a vitalidade erótica em relação à família, à comida, à Igreja, mas também em relação ao prazer. Elas têm prazer de participar de um canto, prazer de estarem vivas. A presença do desejo supera a satisfação da necessidade”, comenta.

Outro aspecto abordado é a diferença do tempo entre as pessoas. “O tempo do garoto de 20 anos hoje é diferente do meu tempo de mulher de mais de 60 anos. A questão não é o tempo, propriamente, mas a experiência que nele se vive, que é múltipla e diversa”, observa Terezinha.

Durante o bate-papo impresso no livro, os autores abordam até mesmo a forma de se referir às pessoas de mais idade, rejeitando eufemismos como “melhor idade” e “terceira idade”. “Prefiro trabalhar a ideia de idoso, porque idoso é aquele que tem mais idade. É diferente de velho. É possível ser velho aos 15 anos. É possível encontrar uma pessoa que já envelheceu nas ideias, nas práticas, na percepção, que não tem autocrítica, que é alienada. Tenha, então, a idade que tiver, é velha. Eufemismos como ‘melhor idade’, entre outros, também foram sendo construídos pelo mercado”, salienta Cortella.

Por sinal, ele revela ter um hábito curioso para checar na própria família o desejo necessário para viver bem. “Até hoje vivo perguntando aos idosos da família, que estão com mais de 80 anos: ‘Quais são seus planos para o futuro?’. Essa é minha medida. Uma das coisas que me acalmam é quando minha mãe diz, aos 84 anos, que vai viajar para tal lugar, vai fazer curso disso ou daquilo; ou quando meu sogro, aos 83 anos, diz que vai visitar parentes em Mato Grosso do Sul, passar uma semana lá. Qual é a frase que não quero ouvir, porque nesse dia ficarei preocupado: ‘Não sei, Deus é que sabe…’. Nessa hora, já não estarão mais idosos; terão envelhecido. Quando a pessoa perde a perspectiva de futuro, isto é, quando ela acha que vai durar menos que o prazo de validade da salsicha, esse é um sinal de que sua vida não tem mais sentido.”

 

Sobre os autores

Mario Sergio Cortella é filósofo, mestre e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde também é professor titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e da pós-graduação em Educação (Currículo), além de professor convidado da Fundação Dom Cabral e do GVpec da FGV-SP. Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992). É autor de diversos livros nas áreas de educação, filosofia, teologia e motivação e carreira.

Terezinha Azerêdo Rios é graduada em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Leciona no mestrado em Educação da Universidade Nove de Julho (Uninove) e no Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP. É autora de Ética e competênciaCompreender e ensinar: Por uma docência da melhor qualidade e Filosofia na escola: O prazer da reflexão, entre outros.

(texto: assessoria de imprensa)

Serviço:

O que: Lançamento do livro Vivemos mais! Vivemos bem? e bate-papo com os autores Mario Sérgio Cortella e Terezinha Azerêdo Rios
Quando: 19 de junho, às 19h30
Onde: Auditório da Livraria Cultura do Shopping Iguatemi Campinas (Av. Iguatemi, 777, Campinas – SP)
Entrada gratuita.

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