Foi inaugurada em Campinas a primeira unidade de produção de mosquitos transgênicos do Brasil, que pode ajudar no combate à dengue. O laboratório já possui aval da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, mas ainda depende da Anvisa para que o serviço possa ser comercializado. Os insetos machos produzidos no local possuem dois genes a mais, sendo que um deles é capaz de impedir que os descendentes cheguem à fase adulta. A ideia é que eles sejam liberados ao ar livre e se reproduzam com as fêmeas, que são as transmissoras da doença. Com isso, as larvas nascidas não viveriam o suficiente para proliferar, o que reduziria a população geral do Aedes aegypti.
Segundo o Diretor Global de Desenvolvimento de Negócios da empresa britância Oxitec, Glen Slade, a fábrica pode alcançar o número de 2 milhões de mosquitos por semana. A liberação é calculada de acordo com o número de habitantes. Em uma região com 10 mil pessoas, por exemplo, 2,5 milhões de insetos seriam soltos. O procedimento já foi testado em dois bairros de Juazeiro, no estado da Bahia, e atingiu de 80 a 93% de eficácia no controle do mosquito selvagem.
Em Campinas, que registra uma epidemia de dengue com mais de 40 mil casos e oito mortes até o mês de julho, a adoção da medida depende da análise da Pasta de Saúde. Através de nota, a Secretaria informou que estuda a “eficácia do uso desta técnica e ressalta que o mosquito deve ser uma ação complementar, que não substitui as ações de combate” já realizadas. Em todo o Brasil, de acordo com o Ministério, entre primeiro de janeiro e 5 de julho deste ano, foram mais de 659 mil casos da doença, número 52% menor que o ano passado. A estimativa é que uma cidade de 50 mil habitantes tenha de desembolsar de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões por ano para aplicar os serviços.