Joaquim Pedreira, morador de Nazaré Paulista, se assusta com a nova paisagem e o baixo nível da represa Atibainha. O reservatório integra o Sistema Cantareira e deve ser bombeado pela Sabesp na terceira cota do volume morto, ainda sem data para ser usado. O local tem sinais cada vez mais fortes da crise hídrica que atinge o estado de São Paulo e já muda a rotina de moradores e estabelecimentos.
Paulo Eduardo da Silva notou a diferença no número de visitantes aos fins de semana e feriados. O problema refletiu no turismo da cidade. Nos fundos do hotel Vale dos Manacás, Hilda Akutagawa também mostra preocupação e se apega à união da família para continuar com o negócio. O restaurante do local atraía clientes em barcos, mas hoje fica vazio a maior parte do tempo, já que a água sumiu e o píer mudou de lugar.
Com a nova realidade, os familiares que ajudam no trabalho tiveram que mudar de atividades e se empenhar em manter o lugar em ordem. Como o antigo braço da represa se tornou um vale e foi tomado pela vegetação o píer agora é usado em conjunto com os vizinhos. Nas margens antes tomadas pela água, parte dos barrancos é formada por lama e o restante pela terra rachada. A seca trouxe revelações. Cunhado de Hilda, Tadashi Kobayashi conta que carcaças de carros, antigas estradas e até moradias antes inundadas agora podem ser vistas.
O nível, segundo os administradores do hotel, começou a cair em outubro e já estaria dez metros abaixo do normal. A diminuição fica evidente nas sustentações das pontes da Rodovia Dom Pedro, com marcas na metade do concreto que fica fora da superfície. O problema é que a água deve ficar abaixo do túnel de liberação para o Rio Atibaia, o que obrigaria o bombeamento para o interior paulista. Cidades como Campinas, que usam o rio para captar e abastecer 95% da população, poderiam ter problemas para a captação do recurso.
