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Moradores de Hotel ocupado em Campinas se organizam em equipes de portaria e limpeza

Valéria Hein

Quase um mês depois de enviada a notificação do Oficial de Justiça determinando a desocupação, a situação no Hotel São Francisco, na Rua Saldanha Marinho, no centro de Campinas, continua indefinida. A reintegração de posse pode ser cumprida a qualquer momento, mas 58 famílias continuam no prédio, que foi ocupado no início de dezembro do ano passado. Durante esse tempo, as famílias se organizam, dividindo tarefas. Alguns moradores se revezam na portaria, onde é até solicitado RG para entrar.

A reportagem foi recebida num escritório por uma das organizadoras da ocupação, Mariana Reis. Ela explica que o grupo se organiza para manter a ordem, limpeza e segurança. O Hotel estava abandonado e o estado de conservação dos móveis, carpete e paredes, é precário, mas o local está limpo de bem organizado. Os 56 apartamentos estão divididos em sete andares. Dois deles estão sem condições de uso e por isso duas famílias vivem juntas em outros dois. A energia elétrica é fornecida por um gerador doado porque foi cortada a pedido dos donos do imóvel.

Mariana explica que no local tem idosos, mulheres grávidas, doentes e crianças que precisam de atenção redobrada. Os ocupantes do Hotel afirmam estarem a há anos cadastrados na Cohab, aguardando uma moradia. Estão desempregados e alegam não terem condições de pagar aluguel, vivendo de bicos, como conta Tatiane Santos, que mora no local, com o marido e três filhos, de 2 e 3 anos e um recém nascido, com menos de uma semana de vida. Eles pedem diálogo e tentam negociar com os proprietários, mas as tentativas não deram resultado e uma proposta financeira feita pelos ocupantes foi recusada.

De acordo com a Companhia de Habitação Popular, a Cohab, os critérios para moradia são do Ministério das Cidades e que só administra a lista, que conta atualmente com 36 mil nomes. A Prefeitura informa que por se tratar de uma propriedade particular, não há como intervir, mas, que as secretarias de Assistência e Habitação vão oferecer ajuda, como cadastro em programas de moradia e caminhões para o transporte dos bens no caso de desocupação.

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