Julio Cesar Guedes descobriu que tinha câncer na bexiga numa fase inicial, o que evitou complicações no tratamento, que deu certo, e a doença foi embora. Mas o que ele não esperava é que a complicação viria depois, com a irregularidade no fornecimento pelo Governo Federal de uma vacina, a Onco BCG, que atua na eliminação de possíveis células cancerígenas que eventualmente ainda apareçam na bexiga, após a cirurgia.
Julio conseguiu prosseguir com tratamento durante seis semanas após passar por duas cirurgias, com a aplicação da vacina semanalmente. Mas depois desse período, já em 2018, as vacinas teriam que se repetir mensalmente, mas ele não conseguiu receber nem metade das doses necessárias.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e a Sociedade Brasileira de Urologia emitiram nota sobre as possibilidades existentes para que o paciente não prejudique seu tratamento durante o período em que o medicamento estiver em falta no mercado, orientando os médicos a discutirem com os pacientes as alternativas de tratamento em relação à impossibilidade do uso do BCG.
A vacina foi suspensa mediante uma Resolução da Anvisa. O órgão exigiu readequações pela Fundação Ataulpho de Paiva, fabricante do medicamento, e informou que as necessidades pontuais que por ventura ocorram são tratadas excepcionalmente, com a avaliação de cada caso específico.
A ANVISA não detalhou os motivos sobre a situação sanitária do laboratório, nem as razões de ter determinado a readequação das instalações industriais. Julio alega falta de informação e de orientação por parte do Governo Federal. Não há nem a possibilidade dos próprios pacientes comprarem o medicamento, por haver só um laboratório fabricante no Brasil.