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Primeira infância já começa na gestação para mães que recebem ajuda profissional gratuita

Foto: Marco Guarizzo

A primeira infância não começa apenas quando nasce o bebê. Para as mães, carregar uma criança dentro de si já é o início da vida. Mesmo quando a gravidez é de risco, o sentimento é de responsabilidade por colocar um filho no mundo e também de amor à criança que ainda vai chegar. Um exame de ultrassom com as batidas do coração do bebê mexe com a emoção dos pais.

Para a enfermeira Carla Simon Mendes, de 39 anos, ver o filho se formando no útero por meio do exame foi um momento mágico.

Mas para Carla, a primeira infância de Daniel durou pouco. Aos sete meses de gestação, ela perdeu o filho. Com o quarto e o enxoval do menino prontos, ela e o marido não puderam ver o filho crescer. O medo de não conseguir ser mãe tomou conta dela.

Mesmo assim, o casal não perdeu a esperança. Mais um bebê está na barriga de Carla. Ela sofre de trombofilia, uma alteração no sangue que forma coágulos e traz riscos para a gravidez. Os médicos que acompanham a gestante calculam em 70% a chance de o bebê nascer. Para isso, ela conta com um apoio que não teve na primeira gestação, que acabou interrompida. Desde 2006, o Hospital PUC-Campinas oferece um curso gratuito para gestantes, com acompanhamento profissional para as mães e troca de experiências entre as grávidas. A ginecologista e obstetra Mariane Barbieri conta que o envolvimento dos pais fica ainda mais intenso com as noções de paternidade aprendidas nos encontros.

A relações públicas Maria Sônia Teixeira Nogueira participou do curso há cinco anos, quando estava grávida de Lorena. A mãe tinha 40 anos na época e a gestação era de risco. Ela considera a experiência tão positiva que, de aluna, passou a ser uma colaboradora do grupo. Sônia descreve a experiência como um aprendizado para as famílias e para os próprios profissionais.

Carla conta que além de um oferecer um atendimento adequado, o curso mexe com as emoções do casal. Ela diz que o marido dela se sente um pai mais presente ao frequentar os encontros com ela e imaginar o filho ou filha que vai chegar.

O curso atende a mães de todas as classes sociais. A equipe médica dá assistência e segurança às famílias. A ginecologista Mariane Barbieri relata que mulheres que chegaram a pensar em aborto mudaram de ideia ao conviver com outras experiências.

Campinas tem diminuído os índices de mortalidade infantil. A cidade tem a segunda menor taxa do Estado de São Paulo. Segundo dados da Fundação Seade, a cada mil crianças nascidas, 4,4 não sobreviveram em 2017. Na região, em uma década, o índice caiu de 14,16 para 9,14, atrás apenas da região de São José do Rio Preto. Mesmo assim, por mais que o trabalho em grupo ajude na gravidez, cada caso é único. E quem espera pelo primeiro filho e já sente a vida desde a gestação, tem cada vez mais esperança de ver a primeira infância prosperar, como Carla.

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