O Padre Leandro Ricardo, reitor da Basílica de Santo Antônio, em Americana, foi suspenso de suas funções pela Diocese de Limeira por tempo indeterminado. A suspensão ocorre em meio à acusações de assédio e abuso sexual de rapazes e meninos menores de idade durante anos em três cidades: Além de Americana, Limeira, e Araras, onde ele era pároco da igreja São Francisco de Assis até o início de 2013.
Uma investigação sobre as acusações foi aberta baseada em um dossiê anônimo que foi encaminhado ao Ministério Público pelo gabinete da deputada estadual Leci Brandão (PC do B). O advogado Ricardo Yamasaki, responsável jurídico do gabinete da deputada, relata que eles receberam esse dossiê no gabinete, via correio, em outubro do ano passado. “A gente não conhecia o padre, não tinha ouvido falar sobre qualquer denúncia contra esse padre, conversei com a deputada Leci Brandão, e encaminhamos essa denúncia anônima ao Ministério Público pois ele é o órgão competente para eventualmente apurar ou fiscalizar qualquer irregularidade ou fato criminoso que pudesse acontecer ali”.
Segundo o advogado, no dossiê constam ao menos trinta denúncias de rapazes e de meninos menores de idade que teriam sofrido assédio ou abuso sexual por parte do padre. Há acusações também contra o Bispo da Diocese de Limeira Dom Vilson, que em outros momentos teria ignorado as acusações contra Leandro Ricardo, e também questionamentos sobre o patrimônio do Bispo, que teria dez imóveis.
No último sábado, o Padre Leandro Ricardo pediu afastamento de suas atividades alegando problemas de saúde. No dia seguinte a Diocese de Limeira decidiu suspendê-lo. Ele fez um pronunciamento aos seguidores dele em uma rede social, na qual classifica as acusações como boatos de pessoas que tentam prejudicá-lo. “Quero convidá-lo para que juntos combatamos esta onda de boatarias que vem tentando atacar a todo custo a minha dignidade, minha honra, minha fidelidade ao ministério presbiteral e meu amor indiviso à Igreja Católica”.
O advogado do padre Leandro Ricardo, Paulo Henrique de Moraes Sarmento, classificou as acusações como suspeitas. “Essas acusações não são novidades e vem ocorrendo há quatro ou cinco anos, já foram alvo de investigação e arquivamento. Nós entendemos que sejam pessoas que tentam denegrir a honra do padre e afastá-lo da Basílica Menor de Americana. (…) Nessa última situação existem essas alegações de vítimas, mas as vítimas não aparecem”.
A Polícia Civil não se pronunciará sobre as investigações pois o caso corre em segredo de justiça.
A Diocese de Limeira emitiu uma nota sobre o assunto:
Diante dos fatos relatados em reportagem veiculada pelo jornal Folha de São Paulo,
nesta terça-feira, 29, onde são citados Dom Vilson Dias de Oliveira, DC, e o padre
Pedro Leandro Ricardo, a Diocese de Limeira, SP, informa que:
1) Enquanto as investigações são conduzidas pelo Ministério Público do Estado de São
Paulo, que tramitam em segredo de justiça, Dom Vilson já suspendeu de Ordem o padre
Leandro, no dia 27 de janeiro, através do Decreto de Suspensão de Ordens (AD
CAUTELAM), estando o referido religioso temporariamente afastado da função de
reitor e pároco da Basílica Santo Antônio de Pádua, de Americana, até que todas as
denúncias sejam esclarecidas, conforme observância do Código de Direito Canônico;
2) Já existe uma investigação interna na Diocese de Limeira para apuração de qualquer
denúncia, seja jurídica ou canônica;
3) Sobre as acusações que recaem sobre sua pessoa, Dom Vilson diz que são
apontamentos que não condizem com a verdade e que todas as questões já estão sendo
esclarecidas ao Ministério Público do Estado de São Paulo;
4) Dom Vilson reitera sua posição de colaboração com a Justiça e informa, ainda, que
não medirá esforços para que todas as verificações sejam conduzidas em relação as
referidas denúncias;
5) O bispo de Limeira conclama todos os fiéis a se unirem em oração pelo bem da vida
e da missão da Igreja que peregrina em Limeira.
