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Campinas tem o menor número de passageiros no transporte coletivo desde 2014

O transporte público de Campinas vem registrando sucessivas quedas no número de passageiros há pelo menos cinco anos, e neste ano registrou o pior mês da série histórica registrada pela Transurc.

Segundo a Transurc, as empresas transportaram pouco mais de 9 milhões 420 mil usuários em janeiro deste ano, sendo 5 milhões 940 mil deles usuários pagantes. Esta é a primeira vez que o número de passageiros pagantes ficou abaixo de seis milhões no período de um mês.

A queda no mês em relação a janeiro de 2018 foi de 3,5% no número total de usuários, e de 4,9% no número de passageiros pagantes. No ano passado foram 9 milhões 765 mil passageiros em janeiro, sendo 6 milhões 250 mil usuários pagantes.

A queda é ainda maior quando a comparação é com janeiro de 2014: 18,8% no número total de usuários, e 27,5% menos passageiros pagantes. Estes números não incluem as linhas operadas por cooperativas.

A Transurc credita a queda a alguns fatores, como a crise econômica, já que pessoas que ficaram desempregadas deixaram de utilizar ônibus para ir ao trabalho. O professor Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, especialista em Mobilidade Urbana da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, concorda com o argumento. “Há uma relação com o número de desempregados que a gente teve nos últimos anos, se pegarmos esses três milhões de viagens que deixaram de acontecer equivale mais ou menos a 81 mil usuários nesse período, e representa ai 33% de todas as pessoas que perderam emprego nos últimos anos na Região Metropolitana de Campinas”.

Outro fator apontado tanto pela Transurc quanto pelo professor Mello Filho é a concorrência com novos modais de transporte, como o transporte por aplicativos. Alessandra Souza afirma que passou a utilizar menos o transporte coletivo justamente pelo melhor custo/benefício oferecido pelos apps para determinadas viagens. “Por conta do Uber mesmo, leva ao destino sem precisar fazer baldeação, o valor as vezes, dependendo de onde você vai, equivale ao da tarifa do ônibus, e também por conta desse QR Code que nunca consegue ler”.

Já Michael Peter trocou o ônibus pela bicicleta para ir trabalhar, e ele afirma ter reduzido quase pela metade o tempo gasto para voltar do trabalho para casa. “Eu vinha trabalhar de coletivo por morar no Chapadão pega o 360, descia na Glicério e baldeava na Orosimbo Maia para ir sentido Sousas, porém os ônibus 392, 391, 393 são muito lotados, muita gente pouco ônibus, você vem muito apertado, desconfortável e estressado, aí optei e estou vindo de bicicleta, cansa um pouquinho mais mas você vai psicologicamente mais tranquilo”, conta.

Para o professor Mello Filho, a queda no número de passageiros pode ser revertida caso haja investimento em melhorias no transporte público e toda sua estrutura, desde os pontos de ônibus e terminais até o próprio veículo.

Com a queda no número de pagantes a proporção de viagens realizadas por passageiros beneficiados por gratuidades aumentou, passando de 29,4% em janeiro de 2014 para 36,9% do total de viagens em janeiro de 2019.

Ano / Passageiros (geral):

2014 – 11.605.263
2015 – 11.034.700
2016 – 9.695.499
2017 – 9.752.584
2018 – 9.766.279
2019 – 9.423.073

Ano / Passageiros Pagantes:

2014 – 8.193.269
2015 – 7.255.246
2016 – 6.389.212
2017 – 6.351.415
2018 – 6.250.162
2019 – 5.941.349

Dados: Transurc

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