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Delator afirma que políticos receberam, pessoalmente, doação eleitoral

Cauê Macris (PSDB), Chico Sardelli (PV) e Antônio Mentor (PT), são três políticos, com base eleitoral na região de Americana, que teriam recebido pessoalmente, verbas para campanhas eleitorais, do Grupo CCR. Os nomes de Macris e Sardelli foram citados por Maurício Vasconcelos, ex-presidente da CCR AutoBAn, concessionária responsável pelo sistema Anhanguera-Bandeirantes. Já Mentor foi delatado por José Roberto Gonzaga Meirelles, ex-assessor da presidência do grupo. Todos os depoimentos foram confirmados por Renato Vale, ex-presidente da Holding CCR.

Depoimentos que ocorreram no final de 2018 depois de um Acordo de Leniência do Grupo com a Justiça. A empresa fechou acordo pelo qual se comprometeu a dar informações e pagar R$ 81,5 milhões para encerrar o processo civil sobre o caso.

Os depoimentos dos ex-executivos da CCR foram obtidos e publicados pelo jornal O Liberal, de Americana.

Com relação aos parlamentares da região de Americana, o ex-presidente da CCR AutoBAn, Maurício Vasconcelos, afirmou, em depoimento, que Cauê, buscava apoio para o pagamento de despesas eleitorais e que pagaram a ele R$ 100 mil entre outubro e dezembro de 2012, na sede da AutoBAn, em Jundiaí.

Já para Chico Sardelli, Vasconcelos disse que foram pagos, R$ 100 mil, também na sede da concessionária, entre maio e julho de 2013 e que, para efetivar esses pagamentos, Sardelli ia até São Paulo e pegava o dinheiro com Everaldo Nascimento (funcionário da diretoria da CCR), conforme disponibilidade de caixa.

No caso de Antônio Mentor, quem o delatou foi o ex-assessor da presidência do grupo CCR, José Roberto Gonzaga Meirelles. Segundo ele, o pedido de verba foi feito no primeiro semestre de 2012, em uma reunião na sede da empresa. Na ocasião, Mentor teria pedido uma doação de R$ 150 mil. De acordo com Meirelles, ele levou o assunto ao conhecimento de Renato Vale, então presidente do Grupo, oportunidade em que ele aprovou a doação.

Ainda de acordo com o ex-executivo, os recursos foram entregues de forma parcelada, diretamente a Mentor, em um restaurante localizado nas dependências do condomínio onde fica a sede da empresas.

A investigação na CCR começou após a delação premiada do operador Adir Assad à Lava Jato. Ele deu detalhes de como se aproximou do grupo CCR. Assad contou que se reuniu na sede da CCR com Renato Valle, presidente do grupo na época, e que apresentou um projeto de patrocínio das empresas dele de stock car para que a CCR fizesse publicidade.

De acordo com denúncias do Ministério Público, a CCR criou um esquema de caixa dois para fomentar o pagamento ilegal para diversas campanhas político-partidárias. Segundo o MP, o esquema ocorreu entre 2009 e 2013 e movimentou R$ 44,6 milhões em caixa dois.

Em nota,  a assessoria de Cauê Macris, que hoje ocupa a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo, disse que todas as doações recebidas por ele são legais, foram declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Já a assessoria de Chico Sardelli afirmou que o ex-deputado nega que tenha recebido qualquer doação em caixa 2. Todas as doações recebidas são dentro da legislação e declaradas à Justiça Eleitoral na prestação de contas, sendo devidamente aprovadas

A CBN entrou em contato com a assessoria do ex-deputado Antônio Mentor mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.

Também em nota, o Grupo CCR informou que, por determinação da legislação que rege os Termos de Autocomposição assinado com o MP-SP, as informações apuradas são sigilosas. O Grupo CCR esclarece que continua à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos que envolvam a companhia e suas controladas. A companhia reitera compromisso de manter permanentemente canais de relacionamento com todos os seus públicos, incluindo seus acionistas, nacionais e internacionais, sempre de forma ágil e transparente.

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