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Professores e servidores municipais protestam em Campinas contra a reforma da previdência

Servidores municipais e professores se reúnem no Largo do Rosário em protesto contra a reforma da previdência (Foto: Guilherme Pierangeli)

Sindicatos de Campinas aderiram ao chamado Dia Nacional de Luta e Mobilização em Defesa da Previdência, paralisação contra a reforma da previdência organizada por sindicatos e centrais sindicais como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical, entre outras associações. Dois atos tiveram início na manhã desta sexta-feira, 22. Às 09h00 iniciou-se a concentração dos servidores públicos municipais de Campinas nas escadarias do Paço Municipal.

O discurso dos sindicalistas contra a reforma da previdência se apoia em alguns pontos, como o aumento da idade mínima para se aposentar; que seria mentira do governo a previdência estar quebrada e a necessidade de reduzir os gastos com a previdência; que o modelo proposto pelo governo é similar ao adotado no Chile, que seria nocivo aos trabalhadores, e que categorias como militares e trabalhadores do judiciário seriam menos afetados pela reforma.

A Diretora de Imprensa do Sindicato dos Servidores Municipais de Campinas, Rosana Medina, afirma que a categoria é uma das que tem a perder com a reforma. “A reforma ataca diretamente os servidores públicos (…) são muitos benefícios que serão tirados dos trabalhadores do serviço público municipal. Este tempo de serviço será alongado devido à idade mínima, então este é um ataque brutal em relação à aposentadoria principalmente pra quem tá pra se aposentar”.

A Servidora Municipal, Guida Calixto, que atua como monitora de educação infantil, utiliza como exemplo contra a reforma a própria situação em relação a aposentadoria, ao afirmar que terá de trabalhar mais seis anos além do previsto para se aposentar. “Faltam para mim nove anos para terminar o tempo de contribuição e poder me aposentar. Com essa reforma vou ter que trabalhar, no mínimo, mais 15 anos”.

Por volta das 10h30 da manhã os servidores municipais seguiram em passeata, saindo do Paço e passando pelas avenidas Benjamin Constant e Francisco Glicério. Houve impacto no trânsito da região central por cerca de 15 minutos.

Os manifestantes seguiram até o Largo do Rosário, onde às 10h00 havia se iniciado um ato organizado pela Apeoesp, Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.

Por conta de situações específicas de trabalho, a categoria atualmente tem direito a prazos diferenciados para aposentadoria, e poderá ter de trabalhar por mais tempo para conseguir se aposentar caso a reforma proposta pelo Governo Federal seja aprovada, conforme explica Suely Oliveira, diretora estadual da Apeoesp. ” Hoje nós (professoras) nos aposentamos com 50 anos de idade, 25 de contribuição, e passaremos a 60 anos de idade e 30 de contribuição. Professor tem dupla, tripla jornada, e acaba prejudicando demais, ninguém aguenta ficar dentro de uma sala de aula durante 30 anos, e mesmo em 30 anos não estaremos aposentando com integralidade, somente com 40 anos de contribuição, seria humanamente impossível isso”, afirma.

Os atos seguem ao longo da sexta-feira, e os sindicatos e centrais sindicais prometem seguir com os protestos e até convocar greve geral caso a reforma da previdência caminhe na câmara. A proposta de reforma da previdência foi anunciada pelo governo em 15 de fevereiro.

Dentre os principais pontos da proposta está a mudança na idade mínima para aposentar, que subiria de 60 para 62 anos para as mulheres, enquanto seria mantida a idade mínima de 65 anos para os homens, porém, não existiria mais a possibilidade de se aposentar somente por tempo de serviço.

O Governo justifica a reforma com a necessidade de enxugar a previdência, pois no ritmo atual,20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país seria gasto com a previdência a partir de 2060, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pois o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, até lá, 30% da população terá 65 anos ou mais. Segundo o governo, se a reforma passar, proporcionará uma redução de R$ 1 trilhão 164 bilhões de reais aos cofres públicos nos próximos 10 anos.

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